Logo quando recebi esse livro, já tomei um susto!! Eu pensava que seria um pouco maior assemelhando-se a uma edição de bolso. E essas imprevisões não pararam por ai não: o início do livro já nos trás a polêmica principal:
“É verdade, eu matei o cozinheiro. Em momento algum deste livro negarei que matei o sórdido cozinheiro com as minhas próprias mãos de escrever versos. Havia motivo claro em saciar-se com sua morte, morte de quem por carne e gozo objetou-se ao incomensurável amor que me tornava tão puro. Eu estripei-o com suas facas imundas de trabalho banal, e escalpelei por mimo infantil, de criança brincalhona, ao ver os índios e escalpes na TV. Matei o demônio com noventa facadas, cultivando um novo demônio sanguinário em mim, portanto não negarei ter feito a coisa mais maravilhosa que eu poderia fazer por minha inconseqüência gloriosa naquele momento: Eu mate o cozinheiro.”
Fiquei paralisado quando li esse trecho, minutos e minutos pensando. Minha expectativa aumentou mais ainda pelo que vinha na frente. Observe esse trecho:
“Havia motivo claro em saciar-se com sua morte, morte de quem por carne e gozo objetou-se ao incomensurável amor que me tornava tão puro.”
Perguntava-me porque que esse sujeito guardava tanto rancor do cozinheiro. O “amor que o tornava tão puro” refere-se à Carmen, a amada e idolatrada Carmen que, segundo ele, era a razão do seu viver. Melancolia e fruição tomavam conta de Luiz Aurélio, o narrador obcecado, ao descrever Carmen:
“Ah como eu a amava! Cada gota de sol que banhava seus doces olhos enormes em dias iluminados, cada vez que a boca sorria mesmo quando insatisfeita em meu habitat [...] Esta era a minha Carmem, a criatura mais bela que a minha mente artesã concebeu; o maior sentimento que poderia brotar em meu peito amassado; [...]”
Até que os dois ficam juntos, mas por causa disso, surge outro conflito: a mãe de Carmem decide que o namoro estava fora dos padrões de sua filha de dezoito anos e que ela jamais deveria voltar a vê-lo.
Passam-se quatro anos, e Luiz vê nos livros os seus melhores amigos como forma de tirar Carmem de sua mente, tentativa tal que resultaram em frustrações.
“A Morte do Cozinheiro” é realmente EXPETACULAR, o autor usa uma linguagem que eu já não via há muito tempo, ele conseguiu me prender de uma forma que os sentimentos do narrador tomassem conta de mim a todo o momento. Ficava obcecado em continuar a sua leitura, parava tudo o que estava fazendo para ler algumas páginas. Estou bastante ansioso para ler outras obras de Allan Pitz.
★★★★★